quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Após 6 anos, finalmente é lançado Haiku R1 Beta1

Desde 2015, os desenvolvedores do Haiku vêm falando no lançamento da versão beta. E finalmente, no dia 28 de setembro de 2018, quase 6 anos após o lançamento do R1 Alfa4 (que foi lançado em novembro de 2012), foi liberado o tão aguardado Beta1!
As mudanças mais profundas ficaram debaixo do capô, principalmente no gerenciamento de pacotes e suporte a serviços web, como os aprimoramentos no Web+ e suporte a streaming no Media Player. Mas o mais importante mesmo foi o frescor que o projeto adquiriu, reavivando o interesse pelo sistema do Momiji (folha de bordo japonês).
Muitos perguntam sobre qual a importância de manter um projeto como o Haiku em desenvolvimento, quando se poderia concentrar esforços em algo "mais promissor". Mas o fato é que o Haiku, apesar de todos os seus percalços, é um projeto único, com recursos que não se encontram facilmente em outros sistemas operacionais. Uma das novidades do gerenciador de pacotes, por exemplo, é o aprimoramento do que o hpkg e o antecessor pkg já promoviam: a facilidade de instalação de aplicativos. Na verdade, foi dado um passo além: se antes bastava baixar o pacote e colocar numa pasta específica do sistema para que o aplicativo estivesse disponível, agora o pacote é, na verdade, um arquivo de sistema comprimido, o qual é montado toda a vez em que é executado ou quando o sistema é inicializado, tudo isso de forma transparente para o usuário. Assim, a pasta /system passa a ser somente leitura, bem como a pasta de usuário ~/config, o que virtualmente deixaria os arquivos de sistema incorruptíveis - digo virtualmente tendo em vista que nenhum sistema operacional é infalível.
Essa solução traz consigo algumas possibilidades interessantes, como colocar certos arquivos de sistema numa "lista negra" através do bootloader. Isso é bastante útil quando algum arquivo problemático insiste em causar kernel panic durante o boot, por exemplo.
Aliado aos recursos já presentes de algum tempo, como o stack & tile das janelas, a capacidade de classificar arquivos e pastas com informações adicionais - graças à abordagem voltada a objetos do sistema de arquivos BeFS - a unidade orgânica do gerenciador de janelas Tracker, o método de gerenciamento de recursos do kernel próprio, entre outros, tudo isso faz com que o Haiku tenha, sim, sua importância a ponto do Google se basear nele para criar o Chrome OS.
Talvez o que esteja faltando seja a definição da vocação do Haiku: o que ele faz de melhor? Para qual nicho está direcionado? Na minha opinião, o forte dele é gráficos e multimídia, concorrendo diretamente com o MacOS. Mas, ao que parece, os desenvolvedores ainda o vêem como um sistema para propósito geral, como o são todos os demais SOs do mercado. Um grande passo nesse sentido foi a conclusão do porte do LibreOffice para o Haiku, uma antiga demanda dos usuários.
Disponível oficialmente nas versões i386 (32 bits, compatível com os antigos aplicativos do BeOS) e x86_64 (64 bits, sem a citada compatibilidade, mas com boa parte dos aplicativos recompilados para esta arquitetura mais recente), o Beta1 dá novo fôlego ao sistema, atraindo a atenção de novos colaboradores tanto na área de desenvolvimento quanto de tradução. Um exemplo é a retomada da tradução para Português Europeu (PT_pt), que vem ocorrendo de forma acelerada.
Contagiado com os novos ares, resolvi também retomar o trabalho de tradução em Português brasileiro, o que deve ocorrer nos próximos dias. Naturalmente, as modificações não se farão visíveis no curto prazo, sendo necessário aguardar o tempo de inserção das traduções no sistema. Segundo os desenvolvedores, porém, não será necessário esperar por um novo beta para que tais implementações sejam disponibilizadas.
Para maiores informações sobre o novo Beta1 e notas de lançamento, ver diretamente na página oficial do Haiku (em inglês).